Dr. Lucas Busnardo Ramadan

Luxação do ombro

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Luxação do ombro

O que é a luxação do ombro?

A luxação, em termos médicos, é definida como a “perda do contato articular”. Isto é, a separação de dois ossos que costumam estar em íntimo e contínuo contato por meio de uma área lisa e deslizante chamada de cartilagem. A luxação do ombro ocorre quando uma força extrema supera os mecanismos estabilizadores (lábio, cápsula e manguito) e desloca a cabeça do úmero para fora da glenoide.

A subluxação ocorre quando o úmero retorna à posição original sozinho após o deslocamento. Essas circunstâncias podem ocasionar lesões nos tecidos. Na maioria das vezes, os danos serão no lábio e nos ligamentos. Em pacientes acima dos 40 anos, além do lábio, os tendões do manguito rotador também podem ser lesados, tornando a luxação mais grave.

Quais são os tipos de luxação, quais as diferenças e como ocorrem?

Luxação Anterior

A luxação anterior é a mais comum e geralmente ocorre com o ombro em abdução e rotação externa (posição de arremesso com o braço rodado para fora). Também pode ocorrer por tração do ombro para frente ou sem trauma aparente.

Luxação Posterior

A luxação posterior é muito mais rara (menos de 10% dos casos) e ocorre após convulsões, choques elétricos ou acidentes automobilísticos com trauma súbito enquanto o braço está esticado.

O que ocorre após a luxação do ombro?

Após a primeira luxação, o lábio e os ligamentos sofrem algum grau de lesão. Em indivíduos com frouxidão ligamentar, a luxação pode ocorrer sem trauma significativo, gerando apenas alongamento dos ligamentos ou lábio. Na maioria dos outros indivíduos, a luxação gera lesões no lábio e/ou nos ligamentos. Se os tecidos não cicatrizarem corretamente, o ombro pode luxar novamente, resultando em luxação recidivante ou instabilidade glenoumeral.

Novas luxações podem levar a lesões ósseas, como lesão de Hill-Sachs ou de Bankart ósseo, aumentando a chance de nova luxação. Mais raramente, pode ocorrer lesão dos ligamentos no úmero, conhecida como lesão HAGL (humeral avulsion of glenoumeral ligaments).

Quais são as complicações e consequências da luxação do ombro?

  • Luxação recidivante: Novos deslocamentos podem ocorrer com maior facilidade, variando de acordo com a atividade do paciente.
  • Lesões ósseas: Fraturas ou impacções ósseas que agravam a instabilidade.
  • Lesão dos tendões do manguito rotador: Mais comum em pacientes acima de 40 anos, limitando os movimentos do ombro.
  • Lesões neurológicas: Lesões do nervo axilar ou do nervo musculocutâneo, causando fraqueza e diminuição da sensibilidade.
  • Artrose: A recorrência da luxação pode facilitar o desenvolvimento de artrose.

Qual é o tratamento da luxação do ombro?

Após o deslocamento, o objetivo inicial é a redução do ombro – colocar o ombro no lugar. Isso deve ser feito por um médico, após avaliação clínica e radiográfica. Analgésicos, infiltrações ou anestesia podem ser utilizados para diminuir a dor durante o procedimento. Após a redução, uma nova radiografia deve ser realizada para garantir a correta reposição.

O paciente deve utilizar tipoia. O tempo e o tipo de tipoia recomendados dependem da gravidade da luxação, da idade do paciente e da sua prática de atividade física. Exames adicionais, como ressonância magnética, podem ser necessários para avaliar lesões associadas.

Quando é indicado o tratamento não operatório ou conservador para luxação do ombro?

Em pacientes de menor demanda, de maior idade ou em casos de menor gravidade, o tratamento inicial é baseado no uso de tipoia e no uso de analgésicos e anti-inflamatórios, seguido pela reabilitação adequada. Em pacientes com grande frouxidão ligamentar sem lesão do lábio ou ligamentos, o tratamento não operatório é indicado, com um período de reabilitação mais longo.

Como é a reabilitação ou fisioterapia do ombro para a luxação do ombro?

A reabilitação, realizada tradicionalmente através de fisioterapia, tem como objetivos:

  • Evitar posições de risco: Para prevenir novas luxações.
  • Aplicação de gelo: Para diminuir o processo inflamatório.
  • Recuperação da mobilidade: Inicialmente focada na recuperação da mobilidade do ombro.
  • Fortalecimento muscular: Focado nos músculos do manguito rotador e estabilizadores da escápula.

A reabilitação pode durar de um a dois meses, e o fortalecimento muscular deve continuar posteriormente, com atenção para evitar movimentos que possam causar luxação ou subluxação.

Quando é indicado o tratamento cirúrgico?

Indivíduos com maior risco de luxação (jovens, esportistas ou com alta demanda) podem necessitar de tratamento cirúrgico após o primeiro episódio de luxação. Em casos de lesões do lábio, lesões ósseas associadas, lesões dos tendões do manguito rotador ou em indivíduos com alta demanda, o tratamento cirúrgico é indicado. A cirurgia também é recomendada para pacientes com luxações ou subluxações recorrentes sem melhora com tratamento conservador.

Como é o tratamento cirúrgico da luxação do ombro?

Existem diversos tipos de cirurgia para tratar a luxação recidivante do ombro. Os dois tipos mais comuns são:

  • Reparo Artroscópico: Realizado por via artroscópica com 3 ou 4 pequenos orifícios. Envolve o reparo do lábio e a capsuloplastia, utilizando âncoras para fixar os tecidos.
  • Bloqueio Ósseo (Cirurgia de Latarjet): Indicado para lesões ósseas significativas da glenoide. O coracoide é movido e fixado na borda da glenoide para aumentar a área óssea e tensionar um dos músculos do manguito rotador.

Outros procedimentos incluem o Remplissage para lesões ósseas da cabeça do úmero e a capsuloplastia para instabilidade multidirecional.

Dr. Lucas Busnardo Ramadan

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