Dr. Lucas Busnardo Ramadan

Luxação do cotovelo

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Luxação do cotovelo

O que é a luxação do cotovelo?

A luxação, em termos médicos, é definida como a “perda do contato articular”. Isto é, a separação de dois ossos que costumam estar em íntimo e contínuo contato por meio de uma área lisa e deslizante, chamada de cartilagem. A articulação do cotovelo tem um formato que dificulta a luxação, ou seja, é uma articulação estável. Esse é um dos motivos de ser muito menos comum a luxação do cotovelo do que a do ombro. No entanto, traumas de maior intensidade, como uma queda com o cotovelo esticado e apoiado no chão, podem causar a luxação do cotovelo.

O que deve ser feito logo após a luxação do cotovelo?

Após a luxação, a dor e limitação dos movimentos são intensas. Diferentemente da luxação do ombro, a luxação do cotovelo frequentemente tem fraturas associadas. Uma radiografia deve ser feita antes de colocar a articulação no lugar (redução). O paciente deve manter o cotovelo em repouso, imobilizado se possível, e procurar um serviço médico imediatamente. Após a avaliação clínica e radiográfica, o médico realizará a redução.

As manobras de redução são mais complexas que a do ombro, e recomendamos que sempre sejam realizadas por um ortopedista. Anestesia local ou sedação podem ser necessárias antes da redução. Após a redução, novas radiografias serão feitas para assegurar a redução correta e a ausência de fraturas. Se houver suspeita de fraturas, uma tomografia computadorizada poderá ser solicitada. A ressonância magnética não é feita de rotina, sendo indicada em casos de dúvida sobre a necessidade de cirurgia ou suspeitas de lesão da cartilagem.

Quais os tipos de luxação do cotovelo?

A luxação do cotovelo pode ser isolada ou associada a fraturas. Nos casos isolados, o tratamento após a redução é, geralmente, não operatório. Nos casos com fraturas associadas, o tratamento é mais complexo e muitas vezes requer cirurgia. As fraturas associadas mais comuns são as da cabeça do rádio e/ou do coronoide. Quando há luxação combinada com fratura da cabeça do rádio e do coronoide, a lesão é chamada de “tríade terrível” do cotovelo, exigindo um tratamento mais complexo.

Qual é o tratamento da luxação do cotovelo após a redução?

Nos casos em que não há fraturas e o cotovelo não apresenta sinais clínicos de instabilidade, ou seja, risco de deslocamento aos movimentos leves, o tratamento é não operatório. A imobilização será individualizada pelo médico, mas, de modo geral, a imobilização não deve ser prolongada. Imobilizações totais por mais de duas semanas aumentam o risco de rigidez do cotovelo e podem prolongar o tempo de recuperação.

Nos casos com fraturas associadas, o tratamento é cirúrgico na maioria das vezes, exceto nos casos de fraturas incompletas ou sem desvio. As cirurgias são complexas, pois o cotovelo deve permanecer estável após a cirurgia para permitir uma movimentação precoce.

Quais são as principais complicações da luxação do cotovelo?

A luxação do cotovelo sem fraturas geralmente tem bons resultados. O cotovelo, por ter um formato ósseo estável, apresenta um baixo risco de novas luxações após uma cicatrização suficiente dos ligamentos. Em casos raros com lesão completa de todos os ligamentos e músculos, o cotovelo pode permanecer muito instável e pode ser necessária a cirurgia para reparo dos ligamentos.

A complicação mais comum após a luxação isolada é a rigidez do cotovelo, causada geralmente por um tempo prolongado de imobilização. Seu tratamento é complexo, associando o uso de órteses seriadas para alongamento à fisioterapia. Evitamos movimentos de manipulação forçada do cotovelo, pois podem causar maior sangramento articular e piora da rigidez. Em casos sem melhora com alongamentos, a cirurgia pode ser necessária.

Por outro lado, luxações associadas a fraturas são muito mais graves e apresentam diversas complicações, como instabilidade (risco de novas luxações), perda de movimentos, ossificações fora do local normal e até lesões neurológicas. Seu tratamento é complexo e recomendamos que seja realizado por um especialista em ombro e cotovelo ou em cirurgia do trauma.

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